segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Edison e o princípio do cinema sonoro
“Em 1877 ocorreu-me a ideia de que seria possível inventar um instrumento que fizesse pela visão o que o fonógrafo faria pela audição e que através de uma combinação dos dois, todo o movimento pudesse ser registado e reproduzido simultaneamente.” Thomas EdisonÉ adquirido que aquilo a que vulgarmente se chama o “sonoro” corresponde sobretudo à disseminação e vulgarização industrial da tecnologia de som no cinema a partir do final da década de 1920. Se o cinema nunca foi realmente silencioso (terá sido mudo, como refere Hollis Frampton), a mudança progressiva e generalizada para o sonoro instituiu uma tensão entre as duas entidades som/ imagem, explorada e questionada de diversos modos ao longo da história do cinema.Por um lado, a aparente hierarquia entre o som e a imagem levou a uma tentativa de harmonização, trazendo para a primeira linha formas de visualizar os elementos sonoros e o desenvolvimento da sinestesia como um dos princípios básicos da composição visual. Por outro, criou uma genealogia particular de exploração estética e conceptual das valências entre as duas ordens, levando à criação de complementaridades entre a imagem e o som, à possibilidade de tornar visíveis os sons através da tecnologia e da síntese sonora e à busca de rupturas e descontinuidades entre os dois elementos.O ciclo retoma o título de um texto de Paul Sharits sobre a natureza das relações sonoras e é um percurso por alguns momentos e obras, reflectindo, entre outras questões, a exploração das contradições latentes nas práticas industriais e meramente reprodutivas do som (Fisher), uma pesquisa "enciclopédica" sobre as relações entre o som e a imagem tendo por base os jogos de linguagem (Snow), a procura de uma síntese entre a representação e a música (Kagel), alguns filmes documentais em que o som é parte fundamental para a orquestração dos elementos da imagem (Cavalcanti, Wright), exemplos de fronteira na viragem do mudo para o sonoro (com o primeiro filme sonoro soviético, o espantoso Sozinha), explorações poéticas e orquestrais sobre a natureza da escrita Sonora, o privilégio do imagismo e do silêncio (Brakhage, Hutton) e o privilégio da observação visual e sonora como princípio de composição fílmica (Benning, Tsuchimoto).
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